Lição 1: O surgimento da Teologia da Prosperidade

26/02/2012 21:05
Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
1º Trimestre de 2012
Título: A verdadeira prosperidade — A vida cristã abundante
Comentarista: José Gonçalves
Elaboração de pesquisa e subsídio: Francisco Barbosa - Prof EBD IEAD Min Abreu e Lima-PE (auxilioaomestre@bol.com.br).
 
 
Lição 1: O surgimento da Teologia da Prosperidade
1º de Janeiro de 2012
 
TEXTO ÁUREO
 
“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura, a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm 9.20). - Questionar a moralidade das ações de Deus é inadequado. As criaturas não têm o direito de objetar ao que seu Criador faz.
 
VERDADE PRÁTICA
 
O pecado da Teologia da Prosperidade consiste em sua anulação da soberania de Deus.
 
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 
Lucas 12.13-21.
 
 
OBJETIVOS
 
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar as raízes da Teologia da Prosperidade;
- Descrever os principais ensinamentos da Teologia da Prosperidade, e
- Analisar as principais conseqüências da Teologia da Prosperidade.
 
Palavra Chave
Teologia da Prosperidade: Uma teologia centrada na saúde e na prosperidade material, não na salvação em Jesus Cristo.
 
 
COMENTÁRIO
 
(I. Introdução)
 
Iniciamos o primeiro trimestre de 2012 com um assunto instigante e de caráter emergencial. Tornou-se comum ouvir-se falar em prosperidade, em bênção financeira, riquezas e bens materiais. Somos forçados a acreditar que a prosperidade está vinculada somente ao sucesso financeiro. Talvez alguém se assuste ao ouvir que não é errado o crente ser próspero. Deus é bom e deseja que tenhamos uma vida abundante (Jo 10.10). Podemos encontrar na Bíblia pelo menos vinte e três versículos ou mais, onde é mencionada a palavra prosperidade, e entendemos claramente que a prosperidade tem influência não somente no material como também no âmbito espiritual: o crente pode ser próspero materialmente e ser próspero Espiritualmente. Entretanto, não tenhamos a falsa idéia de que podemos ser livres de qualquer dor, escassez ou momentos difíceis. Tiago 1.17 esclarece: "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto descendo do Pai das luzes em quem não há mudança nem sombra de variação", e Paulo ainda em Rm 8.32 afirma: "Aquele que nem a seu próprio filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele todas as coisas?". Por tanto ser próspero não é deixar de servir a Deus, nem ser altivo e por a esperança na incerteza das riquezas, mas demonstrar fidelidade ao Deus que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos. A verdadeira prosperidade será o objeto de estudo durante este início de ano, e em contraposição à também conhecida como Confissão Positiva, estaremos ferramentados para uma apologética firme e segura contra as heresias e as aberrações da Teologia da Prosperidade. Nesta Lição, estudaremos as origens deste movimento surgido nos EUA e que alastrou-se como erva daninha pelo Brasil, levando muitas lideranças importantes a abandonarem o genuíno Evangelho. Como assevera o salmista: "Pois comerás do trabalho de tuas mãos, feliz serás e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados de tua casa, os teus filhos como planta de oliveira, à roda de tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor" ( Sl 128.2-4). Leia agora as palavras do próprio Cristo: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores"(Mt 7.15). Receio que o dano espiritual já sofrido por muitos crentes bem intencionados seja irreversível, mas com este tema, talvez impeçamos alguns de incorrerem num terrível destino. Que o Soberano Senhor use este trimestre para desmascarar os falsos mestres! Boa aula!
 
(II. Desenvolvimento)
 
I. RAÍZES DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
 
1. Gnosticismo. Paulo foi um ferrenho apologéta contra as heresias da - como ele a chamava - 'falsamente chamada ciência'. Segundo o site Wikipedia, "Gnosticismo - (do grego Γνωστικισμóς (gnostikismós); de Γνωσις (gnosis): 'conhecimento') é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que chegaram a mimetizar-se com o cristianismo nos primeiros séculos de nossa era, vindo a ser declarado como um pensamento herético após uma etapa em que conheceu prestígio entre os intelectuais cristãos" [https://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosticismo]. É oriunda de uma concepção religiosa muito antiga, de antes de Cristo, que veio do Oriente, provavelmente da Pérsia, que ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do Cristianismo, tornou-se uma forte influência na Igreja gerando uma terrível heresia que foi severamente combatida por Paulo, Pedro e João em suas epístolas e ainda no século seguinte, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu (130-200), Tertuliano (160-225) e Hipólito (170-236). Seus adeptos tornaram-se uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos que, segundo eles, tornava-os superiores aos cristãos comuns que não tinham o mesmo privilégio. Segundo expõe o site Ministério CACP, "A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O Supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual "bom". A partir dele, procediam sucessivos seres finitos (éons), quando um deles (Sofia) deu à luz a Demiurgo (deus criador), que criou o mundo material "mau", juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem. Cristãos gnósticos, como Marcião (160 d. C.) e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio de um desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo espiritual mais elevado. Cristo, embora parecesse ser um homem, nunca assumiu um corpo físico; portanto, não foi sujeito às fraquezas e emoções humanas. Jesus não veio em carne! " [disponível em: https://cacp.org.br/seitasdiversas/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=351&menu=8&submenu=1].
2. Crenças perigosas. O ponto aqui não é o fato do perigo da mistura, mas que, enquanto Deus criou a humanidade justa, o homem tem-se corrompido "Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias." (Ec 7.29). Talvez seja necessário examinarmos mesmo que resumidamente, os principais mestres da mensagem da Fé, cuja fonte principal são os ensinos da metafísica do Novo Pensamento. Muito antes dessa seita ganhar força, Phineas Parkhurst Quimby (1802-1866), é tido como o pai intelectual do Novo Pensamento, uma vez que a essência do movimento está enraizada na interpretação dos ensinamentos de Quimby. Phineas Parkhurst Quimby, que era conhecido como "Park", nasceu em 16 de fevereiro de 1802, em Lebanon, New Hampshire. Era relojoeiro e tinha pouca educação tradicional. Vários elementos importantes de sua vida, levou ao desenvolvimento de suas idéias de cura mental. Foi o divulgador da noção de que a enfermidade e o sofrimento, em última análise, têm sua origem no pensamento incorreto (https://phineasquimby.wwwhubs.com/). Seus seguidores afirmavam que o homem pode criar sua própria realidade através do poder da afirmação (confissão) positiva. "Poder da mente" foi substituído por "Poder da fé" como assevera um dos escritores dessa escola, Warren Felt Evans: "a fé é a forma mais intensa de ação mental" [1]. Algo muito difundido em uma corrente neo Pentecostal é a "fé inteligente". Hank Hanegaff em sua obra publicada pela CPAD 'Cristianismo em Crise', elenca diversos nomes conhecidos desse lado de cá do Equador: E. W. Kenyon, Kenneth Copeland, Kenneth Hagin, T.L. Osborn, William Branham, Benny Hinn, Aimee Semple McPherson, Kathryn Khulman, Robert Tilton e Marilyn Hickey, Oral Roberts, John Avanzini, Charles Capps, Morris Cerullo, Paul Crouch e Jerry Savelle [2]. Em sua maior parte, os ensinos são reciclados de outros pregadores da Prosperidade e sua mensagem condimentada com jargões como "a fé do tipo de Deus", "confissão atrai possessão" e "receber segue-se ao ato de dar".
3. Confissão positiva. Para Essek William Kenyon, cuja vida e ministério foram influenciados por seitas como Ciência da Mente, Escola da Unidade do Cristianismo, Ciência Cristã e a metafísica do Novo Pensamento, é possível ao cristão viver em total saúde e prosperidade financeira. Com base no que que conhecera, Kenyon começou a aplicar a técnica do poder do pensamento positivo. Orava pelos enfermos e muitos foram curados. Não era pentecostal, pastoreou várias igrejas e fundou outras. Seus livros tiveram grande influência sobre outros adeptos da Teologia da Prosperidade. Parece que as doutrinas de Kenyon foram plagiadas por Kenneth Hagin que pregava mensagens muito semelhantes. E. W. Kenyon teria sido o primeiro autor a publicar sobre o que se tornou a Teologia da Prosperidade. Em seu livro “The Hidden Man” (O Homem Escondido), na página 99, escreveu: “Sei que estou curado porque Ele disse que estou curado, e não me importo com os sintomas que possam estar em meu corpo”. O mesmo aconteceria se esses [mestres da Fé] estivessem tossindo e alguém lhes dissesse que eles estavam com tosse, e eles respondessem: “Há anos que eu não sei o que é tossir!”. Kenneth Hagin (Texas, EUA, 1918), discípulo de Kenyon, quando jovem sofreu várias enfermidades e pobreza; aos 16 anos afirma que recebeu uma revelação quando lia Mc 11.23,24, entendendo que tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a essência da "Confissão Positiva". Foi pastor da igreja batista; da Assembléia de Deus Americana, em seguida passou por várias igrejas pentecostais, e , finalmente, fundou sua própria igreja, aos 30 anos, fundando o Instituto Bíblico Rhema. K.Hagin diz, com base em Gl 3.13,14, que fomos libertos da maldição da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza; diante disso, doença e pobreza são maldições da lei. Eles ensinam que "todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta de doenças" e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não tem fé. E não há exceções. Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos sarados e não existe mais doença para o crente. Os seguidores de Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova própria, as melhores roupas, uma vida de luxo. No Brasil algumas Igrejas adaptaram estas práticas para as características brasileiras, além de possuir metodologias e princípios próprios. Em suas reuniões em vez de ouvir num sermão que "é mais fácil um camelo atravessar um buraco de agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus" (Mt 19.24 e Mc 10.25), possibilidade de desfrutar de bens e riquezas, sem constrangimento e com a aquiescência de Deus. Arrependimento e redenção, tema central do Cristianismo, e as dificuldades nesta vida para o justo de Deus são temas raramente tratados nessas denominações.
 
SINOPSE DO TÓPICO (I)
As raízes da Teologia da Prosperidade não estão firmadas nas Sagradas Escrituras.
 
II. PRINCIPAIS ENSINAMENTOS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”
 
1. Divinização do homem. Na filosofia de Nietzsche, Deus morre, para que o homem assuma a sua própria divindade. Deus deixa de existir a fim de que o super-homem controle a existência sobre a terra. O filósofo ateu Feuerbach, considerava que a grande reviravolta da história será quando o homem se conscientizar de que o único Deus do homem é o próprio homem: “Homo homini Dei”. Outro humanista ateu, Edmund Leach, afirmou que os homens se tornaram como deuses e, que já é tempo de os homens entenderem e assumirem a sua própria divindade. Incrivelmente sem máscara ou retoque, o antigo silvo da serpente de Gênesis "sereis como Deus" tem reverberado através dos séculos em tamanho e formatos diversos como este pensamento Nietzchianiano. M. Scott Peck escreve: "Deus quer que nos tornemos ele mesmo (ou ela mesma). Estamos crescendo na deidade. Deus é o alvo da evolução" [3]. Hank Hanegraff em sua obra Cristianismo em Crise, pp. 116 e 117, escreve: K. Hagin assevera: "O homem... foi criado em termos de igualdade com Deus, e poderia permanecer na presença de Deus sem qualquer consciencia de inferioridade... Deus nos criou tão parecidos com Ele quanto possível... Ele nos fez seres do mesmo tipo dEle mesmo... O homem vivia no Reino de Deus. Vivia em pé de igualdade com Ele... O crente é chamado de Cristo... Eis quem somos; somos Cristo!"; "Kenneth Copeland declara que ä razão para Deus criar Adão foi seu desejo de reproduzir a si mesmo... Ele (Adão) não era um deus pequenino. Não era um semideus. Nem ao menos estava subordinado a Deus"; "Benny Hinn pronuncia: Éu sou um pequeno messias caminhando sobre a terra". A Bíblia, porém diz que o homem é estruturalmente pó (Gn 2.7; 3.19).
2. Demonização da salvação. Um dos populares ensinos da Palavra da Fé é que Jesus recebeu a natureza e Satanás e por isso precisou nascer de novo. Essa doutrina está intrinsicamente ligada à heresia de que “Jesus morreu espiritualmente”, postulando que o sangue derramado por Jesus foi insuficiente para a redenção do homem; Ele precisou sofrer nas mãos de Satanás, no inferno, e nascer de novo como o primeiro homem a vencer a morte. Benny Hinn ensina esta heresia: “Ele (Jesus), que é justo por escolha, disse: ‘a única maneira pela qual posso fugir do pecado é me tornando pecado. Não posso simplesmente detê-lo, permitindo que ele me toque; ele e eu temos nos tornado um’. Enquanto isso, Aquele que é a natureza de Deus, tornou-se a natureza de Satanás, quando se tornou pecado”. (TBN, 01/12/90). Nesta exata declaração, Hinn consegue transmitir vários erros distintos: (a) - Jesus não é justo por escolha, mas por natureza; (b) Jesus jamais falou isso, quer tenha sido na Escritura e muito menos a Benny Hinn; (c) A natureza divina de Jesus é constante; nem mesmo Deus pode mudar a Sua natureza divina para algo mais. - Quando se tornou homem, o Verbo de Deus combinou Sua natureza divina com a natureza carnal do homem - não de um anjo - o que é o contrário de ter Ele assumido a natureza de Satanás. Esta é uma heresia de primeira linha, a qual leva à conclusão da morte espiritual de Jesus, nega a suficiência do Seu sangue, condenando os que nela crêem, a não ser que se arrependam. Este é um “outro evangelho”, diferente daquele que nos foi dado na Escritura. A mensagem da Palavra da Fé engloba muito mais do que a tolice do “fale e exija”. Ela está absolutamente ligada às heresias do crente divino-humano e das heresias de Jesus espiritualmente morto. Ela exalta o homem e denigre Cristo, conforme costuma fazer a maioria dos falsos ensinos. A Bíblia, porém, diz que a salvação foi conquistada na cruz e que o maligno não tem parte com o Senhor (Mt 27.51; Jo 14.30).
3. Negação do sofrimento. As Escrituras apresentam como sendo a nossa porção nesta vida: "Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jo 16.33); "Por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus" (At 14.22); "Para que ninguém seja abalado por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos destinados" (1Ts 3.3). As nossas aflições são determinadas por Deus, com o objetivo de produzirem frutos para o nosso bem e para a Sua glória. Como disse John Piper, em 'O Sorriso Escondido de Deus': "as aflições de John Bunyan nos deram O Peregrino. As aflições de Willaim Cowper nos deram hinos em inglês como "There Is a Fountain Filled With Blood" e "God Moves in a Mysterious Way". E as aflições de David Brainerd nos deram um Diário publicado que tem mobilizado mais missionários que qualquer outra obra semelhante. A fornalha do sofrimento produziu o ouro da direção e inspiração para viver a vida cristã, adorar o Deus cristão e espalhar o evangelho cristão. Existe uma certa ironia no fruto destas aflições. O confinamento de Bunyan ensinou-lhes o caminho peregrino da liberdade cristã. A doença mental de Cowper produziu música doce da mente para almas atribuladas. A miséria abrasadora do isolamento e da doença de Brainerd explodiu em missões mundiais, além de toda a imaginação. Ironia e desproporção são, ambos, o caminho de Deus. Ele nos mantém desequilibrados, com suas conexões imprevisíveis. Pensamos que sabemos como fazer algo grande, e Deus o faz pequeno. Pensamos que tudo que temos é fraco e pequeno, e Deus o torna grande. A estéril Sara dá a luz ao filho da promessa. Os 300 homens de Gideão derrotam 100 mil midianitas. Uma funda nas mãos de um jovem pastor derruba o gigante. Uma virgem dá à luz o Filho de Deus. Os cinco pães de um rapazinho alimentam milhares. Uma violação da justiça, um expediente político-fisiológico e a tortura criminosa, numa cruz repulsiva, tornaram-se o fundamento da salvação do mundo. "Este é o caminho de Deus - tirar do homem toda vanglória e dar toda glória a Deus...". A teologia da prosperidade parte do princípio de que todos são filhos do Rei (Deus, Jesus) e que, portanto, recebem os benefícios desta filiação em forma de riqueza, livramento de acidentes e catástrofes, ausência de doenças, ausência de problemas, posições de destaque, etc. Esta “teologia” oferece fórmulas para fazer o dinheiro render mais, evitar-se acidentes, livrar-se de doenças e problemas, aumentar as propriedades, além de viver uma vida sem dificuldades. A teologia da prosperidade sustenta que nenhum filho de Deus pode adoecer ou sofrer, pois isso seria uma clara demonstração de ausência de fé e, por outro lado, da presença do diabo. Ao mesmo tempo, eles chegam ao exagero de declarar que quem morre antes de 70 anos é uma prova de incredulidade, imaturidade espiritual ou pecado. Por suas palavras, cristão que vive sofrendo é porque não está bem espiritualmente: ou está em pecado ou não tem fé. Crente não deve ser pobre, nem doente. Pobreza e doença são marcas de pessoas dominadas pelo poder do diabo. Diante de tais ensinos uma inevitável questão é: que lugar existe para a mensagem da cruz neste modelo de cristianismo? Ou ainda, será que os mártires do cristianismo primitivo, caso vivessem em nossos dias, seriam aceitos como membros destas igrejas que propagam a teologia da prosperidade? Deixemos que a história e a Bíblia nos falem. A Bíblia diz que o cristão não deve temer o sofrimento e tampouco negá-lo (Cl 1.24; Tg 5.10).
 
SINOPSE DO TÓPICO (II)
 
Contrariando o que a Bíblia diz, que o homem é estruturalmente pó, a Teologia da Prosperidade afirma que os homens são “pequenos deuses”.
 
III. CONSEQÜÊNCIAS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”
 
1. Profissionalismo ministerial e espiritualidade mercantil. O que caracteriza hoje no Brasil uma igreja bem-sucedida? Quais são os critérios para se medir o sucesso ministerial? É possível realizar a obra de Deus com propósitos escusos, consciente ou inconscientemente, isso pode acontecer. E tem sido a primeira conseqüência danosa que a Teologia da Prosperidade tem causado em muitos ministérios. As livrarias evangélicas têm sido invadidas por uma grande enxurrada de livros do Movimento da Fé, da Confissão Positiva e da Teologia da Prosperidade, a maioria influenciada por autores americanos (Kenneth E. Hagin, Benny Hinn, Marilyn Hickley, etc.). É impressionante o número de pessoas e igrejas influenciadas por esses livros. Muitos pregadores começaram a ler estes livros que falavam do sucesso aqui e agora e logo começaram a colocar em prática, começaram a se destacar no rádio televisão, etc. O ministério que anteriormente era vocacional tornou-se, em alguns círculos, algo meramente profissional. Em um mundo de negócios, de marketing, de promoção pessoal, de culto à personalidade e de tantas outras coisas, precisamos constantemente revisar e relembrar os valores. Quando um ministro afirma:`'não me importa como a igreja vai crescer, só quero que ela cresça', certamente as motivações desse ministro necessitam de ajuste. Muitos são tentados por não dinamizar em seus ministérios um compromisso com a Palavra de Deus e uma teologia sólida para os dias atuais. Pedro descreve de maneira impressionante tais obreiros: "tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição" (2Pe 2.14).
2. Narcisismo e hedonismo. De alguma forma, temos sido influenciados por dois fatores construtores da presente sociedade, o narcisismo e o hedonismo. Têm a capacidade de postar o homem, e consequentemente a Igreja, no centro do universo, em nosso imaginário. Nos tornarmos, aos nossos próprios olhos, os atores principais do evento histórico. Tal limitação lança-nos a consequências puramente humanistas, como o triunfalismo e ufanismo, e desemboca no orgulho, raiz de grandes males. O hedonismo é esta tendência humana sociocultural, e teologicamente carnal, que nos leva a crer que existimos para nossa própria realização. Que nossa alegria e felicidade pessoal são os bens mais preciosos, pelo qual vale a pena tudo. Que para nos realizarmos podemos, e devemos, romper com quaisquer valores, religiosos ou sociais, passando por cima da Palavra, da família, do ministério e do relacionamento com o Pai. Os púlpitos de muitas de nossas igrejas se tornaram hedônicos. Vivemos para nós mesmos, pensamos em nós mesmos, investimos em nós mesmos, teologizamos para nós mesmos e, consequentemente, não servimos ao Cordeiro Jesus, mas sim a nós mesmos. Outro fenômeno sociológico que tem nos atigido é narcisismo. É o desejo - e desenfreada busca – pela beleza pessoal e público reconhecimento da mesma. Não basta estar no centro das atenções, é necessário que todos saibam disto. O narcisismo é este elemento que faz com que trabalhemos e nos esforcemos para o Senhor e Sua obra, desde que sejamos reconhecidos pelos nossos pares, aplaudidos, elevados em pedestais. Não somente a Teologia da Prosperidade tem gerado crentes narcisistas. Talvez seja já uma triste consequencia de seu enraizamento no meio evangélico.
3. Modismos e perda de ideais. Muitos léderes já demonstram preocupação diante das extravagâncias que estão surgindo nos púlpitos brasileiros. A cada dia que passa surgem novas práticas anti e extrabíblicas, classificadas simplesmente como “modismos”. Estes modismos estão à margem do evangelho que nos foi ensinado por Jesus. Na verdade, se trata de um outro evangelho. Em detrimento da Palavra, multiplicam-se os púlpitos festivos. Encenações inusitadas, objetos ungidos e mágicos, entrevistas com demônios, amuletos, “mercadorias” diversas, tudo é válido no desvario em que se envolvem pregadores e ouvintes., tudo isso deixa uma sensação de que o evangelho anunciado pelos apóstolos nos primeiros tempos, já não serve para os dias atuais. Falar de pecado, arrependimento, perdão e santidade se tornou antiquado, obsoleto, repreensível. É preciso entreter os ouvintes, apresentar uma nova atração a cada semana, tudo semelhante ao que vemos na sociedade consumista. Mas o que é preciso mesmo, e com urgência, é botarmos a boca no trombone e denunciar o que estão fazendo com o evangelho.
 
SINOPSE DO TÓPICO (III)
 
A divinização do homem, a demonização da salvação e a negação do sofrimento são os principais pilares da Teologia da Prosperidade.
 
 
(III. CONCLUSÃO)
 
Não se pode negar que o Movimento da Confissão Positiva tem várias coisas a nos ensinar... Orar crendo nas promessas de Deus e ter uma mente positiva, evitando assim atitudes pessimistas... Nossa preocupação é com outros aspectos, com respeito à soberania de Deus, à pessoa de Jesus, à natureza do homem e as mandingas como práticas. Ovelhas há que já perderam a noção do que é ser cristão. Não sabem sequer por que Jesus morreu. Têm o dízimo como meio de obter bênçãos espirituais e materiais. Não conhecem o evangelho da renúncia, da resignação, do sofrimento, do carregar a cruz, do contentar-se com o pouco. Após ouvirem a pregação de Pedro, muitos, compungidos, perguntaram: “Que faremos?” Pedro respondeu: “Arrependei-vos”, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (At 2.37-38 ). A resposta, hoje, seria: “Participe das campanhas, faça o sacrifício do dar tudo, e seja próspero”. Atendendo à curiosidade de Nicodemos, Jesus disse: “Quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). A resposta no outro evangelho: “Seja dizimista fiel”. Se alguém perguntasse a Tiago o que deveria fazer para livrar-se dos encostos, ele prontamente diria: “Sujeitai-vos a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). A resposta do evangelho festivo seria: “Use sal grosso, sabonete de descarrego, vassouras, fitas, colares, cajados, pedras, e seja dizimista fiel”. O Apóstolo Paulo confessa que “orou três vezes ao Senhor” para que o livrasse de um espinho na carne. Mas o Senhor, em vez de atendê-lo, respondeu: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Reconhecendo a vontade soberana de Deus, Paulo se conforma e continua com seu espinho. E declara: “Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas”, pelo que “sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.7-10). Certamente a recomendação para esses casos, nos púlpitos ádeptos da Teologia da Prosperidade é a seguinte: “Exija de Deus seus direitos”. Sofredores como o Apóstolo, o servo Jó e muitos outros desconheciam esse caminho “legal” para exigir direitos assegurados. Nenhum crente, a fim de prosperar, necessita aderir às fórmulas inventadas pelos pregadores da prosperidade. A verdadeira prosperidade vem como resultado de um correto relacionamento com Deus que é fruto de um coração obediente.
"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Francisco A Barbosa.
auxilioaomestre@bol.com.br
 
EXERCÍCIOS
 
1. O que afirmava a doutrina do gnosticismo?
R. Que a matéria era má e o espírito bom.
 
2. Segundo a lição, o que afirma a confissão positiva?
R. Ser possível o cristão viver em plena saúde e vida financeira.
 
3. Quais são os principais ensinamentos da Teologia da Prosperidade?
R. Divinização do homem, demonização da salvação e negação do sofrimento.
 
4. O que afirma o ensino da demonização da salvação?
R. Que Jesus quando morreu na cruz, assumiu a natureza de Satanás e nasceu de novo no inferno para conquistar a salvação.
 
5. Cite três conseqüências nocivas da Teologia da Prosperidade.
R. Profissionalismo ministerial, espiritualidade mercantil e narcisismo.
 
 
Notas Bibliográficas
TEXTO BASE UTILIZADO:
-. Lições Bíblicas do 1º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, A verdadeira prosperidade — A vida cristã abundante. Comentário: Pr José Gonçalves; CPAD;
 
OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. SOARES, E. Heresias e Modismos. Uma análise crítica das sutilezas de Satanás. 1.ed., RJ: CPAD, 2006;
 
[1] -. HANEGRAFF, Hank. Cristianismo em Crise, 4a ed., RJ: CPAD, 2006; p. 31 e 32;
[2] -. Ibdem, pp.31 a 42;
[3] -. M. Scott Peck, The Road Less Traveled (New York: Simon & Schuster, 1978), p.270.
 
 
Os textos das referências bíblicas foram extraídos do site https://www.bibliaonline.com.br/, na versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel, salvo indicação específica.